Encontro-me com o
ar frio da noite
junto à escola
primária onde fumei
o primeiro
ensinamento. À memória
vem pulsar o
tempo das algibeiras,
o recreio dramático, encenado de improviso,
e a grande
frustração de ser pequeno.
Aqui, hoje, mirando
o edifício,
que medo me
sentiu dentro do estômago
solene das
reguadas? Punição
que sempre
lamentei ter-me extinguido.
Revejo os corações postos de parte,
contra a parede, os rufias das gáveas
que haviam de abandonar mais cedo o barco.
E a fúria
incompetente em sobressalto.
A professora
espúria menos humana
que atacava o
alfabeto fraco e sonolento,
os rios e os continentes até ao trauma
que construiu em mim um desistente.
As nódoas negras das crianças como países,
de mão estendida não para cumprimentos,
mas para descarregar o lastro.
Uma espécie de trabalho, a violência.
Aos ossos
brancos que hoje lhe escorregam,
eu digo: lamento ter
vivido
na infância.
Perdoo-lhe, não lhe perdoo,
o incumprimento.