18.1.11

Aqui reside a areia do coração,
como ervas rompem os dedos da terra.
Gerânios, gnomos, cogumelos
psicadélicos, tudo trago e oferto
e o meu desejo é uma arca onde todos cabem.
Deste lado da história é tão comum
imaginar um monstro que nos mete medo;
um foguetão acende, de repente, o universo
e duvidamos: o que andam os homens
a fazer ao mundo, o que anda o mundo a fazer
aos homens?

Dançam comigo
as aporias, inúmeros urinóis contemplam ainda
o silêncio loiro.
Em toda a terra dormem nus herbívoros
para lá da linha do inimigo, e que mal há nisso?
É como largar alguém dentro de um saco, esquecer o depósito,
até o sacudirem pelos ossos.
Em meus ombros
gritos repercutirão, nos meus montanhosos traços
certos gestos esquecerão os agrafos fracos
que nos unem. Temos água nos pulsos,
muito frio na cabeça,
guardamos o inevitável para último.