26.1.11

A derrota caiu no desígnio do povo
nas últimas eleições. Ao longe, uma ambulância
sublinhou, grave, a trajectória do mundo
e o meu coração parou.
Do lado de quem preza a vida, os paradigmas
vão e vêm como os carros. O cínico
envelhece. Ninguém lhe dedica
um momento afável. Ah, ser jovem,
porém, foder pela madrugada.

Muitas vezes a noite
se fecha sobre mim. Insectos
escorregam sobre a pele, mas é a espuma
que se despe para dormir na palha.
Depois, o murmúrio das coisas mal resolvidas,
a roleta russa, o livre arbítrio.
Uivam e silvam e a minha cabeça é uma antena
onde estranhas emissões naufragam.
O podre boletim astral sugere
serena dinamite.