24.2.12

Braço de prata

Constou-me que conhecias o veneno
de todas as plantas. Estacionei em segunda fila
perplexo, um pouco agoniado,
não fora o sol estar a pique e à sombra
haver mais tristeza que no terceiro mundo.
Amarrotada contra os cigarros segredaste-me
que tinhas apagado um erro, apenas um.
Desceste em vão para os olhares da tarde,
eu, dentro do carro, à procura da criatividade
que me vinha faltando. Foi então que, como uma flor,
eclodiu a transparência. Celofane, digo-te,
uma hematoma fresco que embateu na solidão
desse momento. Demasiado experimentei
tecer os teus cabelos de memória.
Hoje ligo o rádio em 104.7. O suor
é fantástico. Anuncia factos consistentes.