2.4.12

Desde criança sonho com cobras e cheias.
Ainda hoje acordo sobressaltado com as veias
inchadas de susto. Não pelas cobras.
Essas são verdadeiras como o musgo e as estátuas.
Mas se a imagem é de água subindo pelas
pernas, pelas paredes, preenchendo ruas,
avenidas, os primeiros andares das famílias,
aí o pavor adormecido acorda.
Talvez porque nunca gostei de cobras.
Mas gosto de água. Vivo em um terceiro andar
e tenho sede. Bebo desmesuradamente.