O
revólver duvida da eficácia do homem.
Sente
que as arcadas tremerão apenas quando
se levantar
um dedo, uma ideia profícua
que
cubra a terra de abóbadas nebulosas.
O
revólver, no entanto, chama-te às causas.
Endeusas
os amuletos, tens fetiches
por objectos, mas esqueces que os dramas
tomam as
formas mais benignas.
Devaneios,
diria, numa noite chauvinista
como
esta, noite de enfado e recato,
em que
cruzas, paranóico, todas as farmácias,
à
procura de um comprimido que funcione.
Todos os
pedaços do teu corpo são algas
remanescentes.
Verde defunto, leitor
de
psicogramas, talvez transportador
de
psitacídeos ou de drogas aeroportuárias.
Tudo
isso o revólver ignora, porque seu
é o
gesto brusco da ponte, a água
subliminar
do edifício inconstante que desaba
por objectivos, o amor e a protecção exigidos
a quem
já não pode abraçar as balas,
e tece a realidade em permanente delírio.