Esta tarde
desci as ruas comunitárias,
dirigi a
palavra a penúltimas pessoas:
ninguém pareceu
compreender-me.
O sol
projetou raios de solidão com uma eficácia
milenar. Mais
em baixo, o rio conduzia retalhos
demenciais,
lixo promissor, um embrião
talvez. Um
glóbulo sonolento transportou
saúde e
morte. Pensei: como são boas as perícias
que modificam
o mundo.
Os automóveis
gemeram numa consistência
efémera. Rápidas,
as minhas pernas rasgaram
as pontes alagadiças.
Fiscalizei o
vazio, esquadrinhei o vazio,
mas quando
parei para respirar, a noite caiu.
Então, mais
ninguém me viu gesticular
as frases incrédulas.
De ambos os lados
as ruas
apertaram-me. Senti-me só.
Constrangido.
Poeira sem conteúdo.
Talvez um
fantasma pudesse requisitar
os meus assombrosos
ofícios.