30.10.14

Fruta podre é o que deixa amadurecer a terra
fertilizando-a, possibilitando que renasça a vagem,
e daí o tronco e o céu espraiado sobre as tábuas.
Estrume, vermes desfazendo matéria que foi prima

e que, agora, é a maneira da natureza mostrar-se grata.
Como pode um corpo cheio de vida e seiva alegre
desligar-se da corrente e ir na corrente em direção
à suprema roda dentada do universo, de seu estômago?

Como pode um filho, um amigo, abandonar-nos,
pálidos, de mãos vazias, no interior do silêncio
e, fragmentando-se, explodir no infinito exato?

Que magia nos oferecem que ainda não compreendemos?
Há um círculo e uma linha reta, há um excesso
de cálculos, uma atitude que se vinga refazendo-se.