26.10.15


O destino tem dois volts. Lenços encolhem-se.
Sobre o cais reparto beijos em partes ambíguas.
Escolho os mais feios. Penso até abortar a encomenda
de gelo. De nada servirá fechar-me num cofre.
Experimento a bicicleta encostada ao barco.
Como ninguém se descalça, pedalo para longe
até sentir, recônditos, os rins e os pulmões.
Deixo o pó assentar nas mãos. Largo as mãos.
A meio do corso cai um lepidóptero:
sinto-lhe as pás hidráulicas revolvendo
os braços e a luz da tarde. E então, vejo-te.
Estás atenta aos pássaros, mas eu assobio
e no engano gordo que provoco olhas para o lado.
Dou-te um choque. Dás-me um choque. Chocamos.

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