17.6.15



Tenho tido uma vida crocante, frágil,
de intensas recidivas que desprezaram o hábito,
de sombras e de lamentos atrelados ao corpo,
e só me resta condenar-me a trabalhos esforçados.

Bebi quanto licor a tua pele destilava
em noites puerilmente perdidas a jogar às asas.
Dos teus cabelos irados recebi o troco
de uma plataforma de entendimento que se afundou.

O sal é ácido, é o ácido da tua voz vogando
entre mil palavras solidamente arremessadas
para cima de mim, ácido como um ditado.

Vivi muito tempo num quadrado de sangue
onde só entravam princesas adormecidas
e ogres velhos. A umas e a outros, desejei-lhes o véu.