Tenho tido uma
vida crocante, frágil,
de intensas
recidivas que desprezaram o hábito,
de sombras e de
lamentos atrelados ao corpo,
e só me resta
condenar-me a trabalhos esforçados.
Bebi quanto licor
a tua pele destilava
em noites
puerilmente perdidas a jogar às asas.
Dos teus cabelos
irados recebi o troco
de uma plataforma
de entendimento que se afundou.
O sal é ácido, é
o ácido da tua voz vogando
entre mil
palavras solidamente arremessadas
para cima de mim,
ácido como um ditado.
Vivi muito tempo
num quadrado de sangue
onde só entravam
princesas adormecidas
e ogres velhos. A
umas e a outros, desejei-lhes o véu.