10.4.11

Amei-te com retórica, o tempo
demonstrará. Acendi o olhar social
como se a estima orbitasse a terra.
Veio um bombeiro e disse-me: que destaque
preferes? Aquele, cruel, de quem te despreza
no meio da sala ou o da capela fria,
da pedra fria das casas,
onde se ora por certo? Respondi: quero-a.

Subi à merencória janela,
sorvi a lógica que se extinguia já
por detrás das regras. Fiz figas, magia,
rasguei o céu em pedaços, sucumbi à febre
de uma longa carta de devolução.
Era para ti essa carta, queria prendê-la
num fio de arte. Consegui não acabá-la
e fechei a janela. Era tão tarde.

Porque me sabe agora a flanela
a lágrima vazia? Um assassino explicou:
nunca te esqueças de proteger as costas.
Percebi desde logo que sem ti não havia
nada de certo ou de errado.
Que o doce não era doce nem amargo sequer,
mas que a música fluía em tudo. Por isso
te procuro por uma razão vazia;
vou às compras, reverbero. Enfim, amuo.