9.2.11

Tínhamos a marijuana à coca,
regávamos comprimidos com champanhe,
escuros todos os sóis tombem agora
se falo falso. Tínhamos o riso,
o lado fundo da piscina, tínhamos
o amor a os rostos deformados.
Os papéis abstémios, por fim,
levaram a ventania. E agora?
que tempos temos agora?
Filhos, os caudais magoados,
temos as gavetas limpas.

7.2.11

A rotina vermelha desceu à praça
à frente da qual dois milhares de pombos
caem como tordos. Subitamente da redoma
de meus olhos saem naves e topetes
voadores. Raparigas que poderia facilmente
amar avançam perigosamente para a boca
dos holofotes. É a cidade que gosta,
que sorri facilmente através das nuvens,
a mais bela horta de sentimentos
devassada por toupeiras cegas.
Ou a vida a passar de comboio,
são as meias esburacadas do cimento,
o ralenti do desemprego a poluir o mar.
Quando for velho, meu deus, faz-me
acreditar na lã das abelhas, aflige-me
ver passar os carros sem dizer adeus.