6.5.09

Está-se a acabar o vento. Ardem-me os olhos.
É a doce lixívia do pano, a cidade que não dormia
e onde desaguei, de carro, sem poder regressar.
Mãos ignotas, olhos fúnebres, me alcançaram,
iluminaram-me a velha cabeça de marujo
sempre à procura de corpo, subtil corpo de pó,
mas eu fugia da esgrima das estrelas
e fui-me albergar onde nasceu um pássaro,
nos palcos interiores da fofa nostalgia.
Meu caro espectador, árbitro do signo,
se é o sexo exposto, a floração intensa,
que perscrutas, ajuda-me a lutar contra ti.
Quebro os meus braços de ferro, caminho
ao teu encontro, se fores pessoa de fé,
ou fé em forma de brisa despenteando-me.

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